Infância
De minha infância restou um raro vento
Que perpassa sangrando o meu outono;
Guardo dela muito mais que um momento
No cofre bem lacrado de meu sono.
Se o adulto adormece ela desperta
Fazendo-se presente como um sonho.
E brinca de esconder; com mão esperta
Escapa do lugar onde eu a ponho.
A infância, esta fábula colorida,
Submergida em dez séculos de dor
Acena-me co’esperanças de vida.
Mas já desaba outro alude incontido
Sepultando-me em seu chão de pavor.
E eu mais padeço por tê-la querido.
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