MONUMENTO À CIVILIZAÇÃO CONSUMISTA - Parte 2

continuação

Os compromissos assumidos
Realizados pelo meu Ser externo
Revolvem minha intimidade
Que se rebela, se contorce,
Dá nó de angústia
Serpenteia de impotência.

Rebentar esta casca
E sair livre para as ilhas
Para a música
É impossível.

Estou marcado em meu íntimo
A ferro e fogo
Estou acorrentado
Estigmatizado
Pelos dentes finos do Pássaro-Rotor.

A carne comida por dentro
Pelo movimento
Do pássaro a bailar
A codificar
A exigir afeto
Atenção
Carinho
Proteção
Aderido ao meu corpo
E à minha alma
A me devorar
A engordar de meu ser
Definhante.

Quero minha liberdade
E não a tenho
Não consigo
Ou não quero.

Talvez eu queira ser prisioneiro,
Talvez seja minha maneira de ter
A vida
O impulso
E, incoerência,
A paz.

Uma paz feita de gritos
Gemidos
Sangue.
Uma paz feita de luta
Primeiro contra mim
Depois contra o mundo
Uma paz feita de falta
De sofrimento
Um sofrimento que dá
Dignidade
Altura
Dimensão
Para encarar de frente as feras.

Eu também tenho uma fera
Escondida em minhas vísceras;
Com ela me aprumo
Recolho seus dentes
E os transfiguro em dardos
Funcionais.                                           (continua na próxima edição do Blog)

                                         Nahman Armony

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