MONUMENTO À CIVILIZAÇÃO CONSUMISTA - parte 1

Este é um poema longo que vou dividir em quatro partes que serão postadas semanalmente.

MONUMENTO À CIVILIZAÇÃO CONSUMISTA - parte 1

Ah terrível Deus Moloch
Insaciável comedor
De pílulas e consciências
É para ti que construo o monumento
De meu sofrimento
Imagem terrena
De tua força translunar
É de ti que recebo
A vida amedrontada
Deprimida
Angustiada
 
O sangue aprisionado
Poreja dos edifícios
Corróe-se nos compromissos
Abre crateras no seio
Íntimo da integridade
 
Há um ar carcomido
Bichado
Brilhando à espreita
Da morte da margarida.
 
Os dentes da engrenagem
Se agarram, se fixam,
Dominam a vontade ambigual
E mexem, e rodam, e corroem
Em movimento circular.
Nada de felicidade
Nem o seu arremedo
Nem o pequeno folguedo
Nenhuma gota de prazer
Nenhum gesto de ternura.
Deus Moloch tem fome
Exige mais ração
Devora sentimentos, iniciativas
Todo prazer e desejo
Todo impulso e força
Toda criação.
Deus Moloch é insaciável.
Precisa de dormir
Comigo
O sono cego.        (continua na próxima semana)
 
                                     Nahman Armony
 
 


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