O DISCURSO E SUA LIMITAÇÃO

 O discurso é necessariamente imperfeito. Faz parte de sua ontologia. Tentativa de explicação: a vida flui e a cada momento as coisas mudam. E ainda não encontramos um meio de apresentar ideias tipo conceituais sem promover uma certa imobilização da vida. Se queremos transmitir alguma coisa temos de ser claros. E só podemos ser claros se ignoramos a permanente mudança da vida. Se não formos pelo menos parcialmente cartesianos, fazendo divisões e subdivisões, organizando, classificando, etc. será difícil ou impossível ao aprendiz estabelecer uma insinuância sólida. Sempre haverá ou exagero, ou insuficiência, ou alguma outra imperfeição. Não adianta tentar com as palavras acompanhar a permanente mudança, as variações sutis, as imperfeições da vida. É uma corrida inútil. Temos que nos conformar com a incapacidade que tem o discurso de abranger a complexidade de um pedaço de vida e nos conformar com a necessidade de transmitir. Não se pode exigir do discurso aquilo que ele não pode dar. Um discurso será relativizado por outro discurso. E o discursador deverá tomar cuidado de não querer acompanhar a vida com seu discurso, pois isso somente o deixará inseguro e não beneficiará ninguém.

                                       Nahman Armony

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