Meu corpo
É o espaço de minha poltrona
Onde me sento
Gravemente
Sobre mim mesmo.
É preciso dar um tempo
À gravidade
Esperar que a poeira se deposite
No fundo
E lá se aquiete.
A transparência obtida
Pura água marinha
Límpida
Receptiva
Está pronta para o ofício
Do sentir.
Nada mais é insignificante
Tudo repercute e reverbera
Faz o seu eco.
A vibração atinge
O corpo multifacetado
Distribui-se nos planos metadimencionais
Em consecutivos e concomitantes
Viaja no fantasmático
Desliza pelos mistérios
Afunda no insondável.
Tudo se mexe e se agita
Até que a partícula
Prenhe de significação
Retorne domada
Simplificada
E plena
Da aventura vivida
Para viver
Sua nova aventura.
Agora,
Os olhos mansos estão grávidos de Universo
E graves olham para o verso
De si mesmos.
As águas mansas são profundas e transparentes
E cada gota dói
Como o peso do mundo.
Tenho medo dos olhos mansos
Que tanto enxergam e sentem
E que tanta dor consentem
Grávidos de amor partidos.
Tenho medo das contemplações
Rastros de outro astral
Olhos de outras eras
Mas tão nossos no pressentimento.
Minha poltrona
É o meu espaço
Grávido de universo.
Eu olho para o anverso
E para o verso.
Tudo recomeça
E se enriquece
De amor
E dor.
Nahman Armony
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