O
VAZIO PARA LACAN E WINNICOTT: DIFERENÇAS
Para Lacan o vazio é
estrutural. A linguagem opera um corte entre o real e o imaginário. Só o
simbólico é capaz de fazer uma aproximação entre real e imaginário. Mas esta
separação não pode ser feita à custa de uma negação de um vazio que opera entre
real e imaginário. Para que o simbólico tenha a sua efetividade é preciso
primeiro encarar o vazio. É preciso abandonar todas as máscaras que ocultam o
vazio e chegar até ele para então retornar ao simbólico tendo já encarado e
elaborado o vazio. Trata-se portanto de um vazio estrutural inerente à
constituição do ser humano. Winnicott tem uma visão diferente: o vazio aparece
não por pertencer à estrutura ôntica do ser, mas por contingências que
inevitavelmente aparecerão com maior ou menor força. Um bebê mal atendido pela
mãe sentirá com frequência as ansiedades indizíveis das quais a mais
assustadora é o “cair para sempre”. Um bebê bem atendido dificilmente passa por
uma vivência tão terrível. Então para Lacan o vazio é estrutural e para
Winnicott é contingente, uma contingência que sempre ameaça se realizar. Para
Winnicott não há um corte separando o objetivo do subjetivo. O subjetivo aos
poucos vai admitindo a existência de um objetivo que não renega o subjetivo.
Estou falando de objeto transicional e de espaço potencial. O objeto transicional
carrega em si o subjetivo e o objetivo. Com isto se evitaria o vazio. Um bebê
bem acolhido mal sente o vazio. O bebê mal acolhido sente-se só e desamparado,
jogado no vazio. Então, a maneira de evitar o sentimento de vazio é viver no
espaço transicional onde a capacidade de sentir e amar estão preservados.
Nahman
Armony
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