NOSTALGIA VELHOS TEMPOS

Olá pretinho da favela
Do alto de minha janela
Em panorâmica tela
Te vejo retangulado
Retocado, pasteurizado
Pretinho multicolorido
Pretinho já muito vivido.

Te vejo subindo o morro
Pés descalços, ar de liberdade,
Árvores, nuvens, disponibilidade

Te vejo levando a lata
Pesada de água e miséria
Sonhando um sonho feérico.
Tu invejas os doutores
Que do alto de sua pompa
Olham de cima o seu céu.

Tu imaginas os bacanos
Comendo o seu pão-caviar
Envoltos em ouro e seda
Tomando banhos de espuma
Morando fantásticas mansões

Meu pretinho querido,

Com os meus olhos compridos
Sem nenhuma doutorância
Te alcanço no alto do morro

E caminho contigo
Em terras de sonho
Em terras de amor
Além das convenções
Além das distorções
Só nós dois a brincar
Nessa triste nuvem fantasia.

                                 Nahman Armony


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