A MÃO ESTENDIDA

A mão estendida
Nunca definitivamente guardada
Finalmente percebe
Foi recusada.

Faz-se então o vácuo.

A queda interminável
Só se detém
No saber da ignorância
Dos acontecimentos ímpares

Os pares são analisados,
Moídos, triturados,
E a mão estendida
Espantada
Não entende os fragmentos
Que sobraram.

Como fragmentos?
Se aquilo foi alguém!
Se aquilo foi algo...

Uma cola, rápido!
Que é preciso colar
Antes que a humanidade morra de sede
Por falta de carvão
Locomotor.


A obrigação espalhada
Nas moléculas do corpo
Unidas em desespero
E em compromisso
De atender
E ter a quem amar

Responsável pelas famílias
Que se espalham alegres
Pelas ruas e praias
Pelas praças e jardins

A grande fita Durex
Segurando a humanidade
Dando laços e lacinhos
Em volta de crianças lindas, amorosas e chatas,
Sadias, gostosas e briguentas.

Crianças, criancinhas, criançonas...
Canção de meus dias de outono


Ah, moléculas impregnadas de dever.
Chega! Nada mais há a dizer.
É simplesmente fazer uma escolha:
Ou eu me entendo com minhas moléculas, 
Ou...ou...
                                  Nahman Armony


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