VIOLÊNCIA:
UMA VISÃO TRANSDISCIPLINAR COM ÊNFASE NA PSICANÁLISE
A violência é um fenômeno onipresente no
tempo e no espaço; atravessa toda a história e todas as culturas. Algumas
culturas estimulam a violência e outras a inibem. O capitalismo contemporâneo, mercadológico
e consumista estimula a competição e o consumo desenfreados criando condições
para o exercício da impiedade. Uma crueldade que se infiltra em todas as
atividades humanas e cujos primórdios já aparecem nas primeiras relações humanas.
O modo pelo qual a sociedade, através dos pais, criam seus bebês em crescimento
insere-se numa totalidade que produz para uma subjetividade que estimula e
valoriza a competição, o consumo, a impiedade, as relações de submissão, a
manutenção do statu quo, etc. Veremos no decorrer do artigo como Winnicott
propõe outra forma de criação/educação baseada na transmissão de princípios
organizadores diferentes dos princípios organizadores do capitalismo
consumista.
As culturas agem sobre as subjetividades
desde o início da vida. Eric Erikson em seu livro “Infância e Sociedade” nos
mostra que a criança é criada e educada para se tornar um adulto com os
valores, preconceitos e costumes do grupo. Margaret Mead confirma essa visão em
seu livro “Sexo e temperamento” ao estudar as tribos Mudungumor e Arapesh. A
cultura é um aparelhamento de uma força extraordinária, podendo mesmo superar
instintos básicos do ser humano, inclusive o de auto- preservação. Dois
exemplos: monges ateiam fogo em si mesmos; guerrilheiros explodem seus corpos
em atentados terroristas.
A ação cultural se
inicia muito cedo, ainda quando o ser humano é um bebê. A mãe é a grande transmissora
dos preceitos culturais da sociedade em que vive. As vivências iniciais do ser
humano exercem extrema influência sobre o restante da vida e estão fora do
alcance da consciência. Daí a força e a importância da relação mãe-bebê.
Winnicott e Piera Aulagnier divergem quanto ao modo de criar/educar o ser
humano. Piera Aulagnier preconiza uma criação-educação predominantemente de
fora para dentro. Winnicott inverte a direção dando maior crédito à assimilação
da cultura, assimilação essa que é o par inseparável da criatividade. Bruno
Cancio fez uma resenha do livro “A violência da interpretação” de P.Aulagnier
bastante esclarecedora. Citando-o: “Dos conceptos de importancia
establecidos en la obra son los de violencia primaria y secundaria. Por violencia
primaria se entiende ‘...lo que en un campo psíquico se impone desde el
exterior a expensas de una primera violación de un espacio y de una actividad
que obedece a leyes heterogéneas al yo...’(Piera Aulagnier). Se trata de una
acción necesaria y que contribuirá a la futura constitución del yo. A través de
ésta se le impone a la psique ajena un pensamiento, acción o elección
producidos por el deseo de quien lo impone, pero que da respuesta a una
necesidad a quien le es impuesto. De esta forma, se consigue entrelazar deseo
de uno y necesidad del otro, dando lugar a la demanda. El deseo de quien ejerce
la violencia pasará, a partir de allí, a ser demandado por quien la padece.
Por otro lado, violencia secundaria hace referencia a ‘un exceso por lo general perjudicial y nunca necesario para el funcionamiento del Yo’(Piera Aulagnier) y que se apoya en su precedente, la violencia primaria. En este caso se trata de una violencia ejercida contra el yo, ya sea por un conflicto con otro ‘yo’ o con un discurso social que intenta oponerse a toda suerte de cambios que pudieran producirse en los modelos por él previamente instituídos”.
Por otro lado, violencia secundaria hace referencia a ‘un exceso por lo general perjudicial y nunca necesario para el funcionamiento del Yo’(Piera Aulagnier) y que se apoya en su precedente, la violencia primaria. En este caso se trata de una violencia ejercida contra el yo, ya sea por un conflicto con otro ‘yo’ o con un discurso social que intenta oponerse a toda suerte de cambios que pudieran producirse en los modelos por él previamente instituídos”.
Winnicott não concorda
com uma criação/educação impositiva como Aulagnier propõe. Um exemplo
esclarecedor nós o encontramos no artigo “Moral e Educação”. Tentando
sintetizar um artigo longo e complexo, consigo dizer o seguinte: Winnicott está
respondendo a uma palestra anterior à sua onde foi citada a seguinte fala de um
reitor para uma criança: “Você acreditará no Espírito Santo às 5 horas desta
tarde ou a espancarei até que o faça”. Os exemplos extremos servem para deixar
claro uma orientação paradigmática que neste caso é um paradigma autoritário
não aceito por Winnicott. Para ele o autoritarismo é uma invasão/intrusão no
self do outro, tornando-o submisso e dependente. Neste artigo ele, confronta o
autoritarismo adoecedor que tenta impor conceitos exteriores à experiência do
outro, com uma experiência interior, uma “crença em” que resulta de uma
convivência suficientemente boa com os pais.
Quando o horizonte se abre para além dos pais, a criança que está
crescendo precisa algo maior em que acreditar. É hora dos pais, da escola, da
sociedade apresentarem as diversas possibilidades de crenças existentes,
respeitando sua eventual busca por outra crença que não aquelas que lhe foram
mostradas. A imposição é uma invasão do psiquismo do outro, uma tentativa de
dominá-lo, colonizá-lo, tornando-o revoltado, conformado e violento em vários
graus. Mesmo os conformados --- que engolem os traumas advindos das invasões e
os acumulam não sabendo de onde veem, pois a relação dominador-dominado é
frequentemente inconsciente e aceita como algo natural --- podem ter explosões
espontâneas de ódio indiscriminado muitas vezes despertados por fatos insignificantes.
Ao invés de tentar
impingir uma crença dever-se-ia, segundo Winnicott, aceitar a criatividade espontânea
do ser humano. Criatividade tem dois sentidos: um primeiro que todos nós
conhecemos, e um winnicottiano que é um paradoxo: criamos o que já existe. Não
é preciso forçar a realidade para dentro da cabeça das pessoas, mas sim cuidar
para que a criatividade de cada um encontre a sua realidade que é um arranjo
pessoal do subjetivamente concebido e objetivamente percebido.
Desenvolverei um pouco
mais a ideia de criatividade winnicottiana. O ser humano cria o que já existe.
Seu exemplo mor é o bebê que ainda não teve a primeira mamada e que ao sentir
fome procura algo que termine com o seu anseio. Este algo é uma vagueza impressionista de seio que ele virá a conhecer
tanto melhor quanto mais com ele se relacionar. A vivência do bebê é de que foi
ele quem criou o seio desde que o seio apareça na hora da fome. Da mesma
maneira a função da sociedade é apresentar diversas alternativas para escolha
aceitando a contribuição de novas opções e não impor, seja por que meio for,
suas crenças. Mesmo porque o ser humano tem um impulso inerente de
pertencimento e precisará escolher um gancho na cultura para exercer sua
criatividade. A imposição, o conformismo e a revolta são combustíveis para a
violência. Precisamos deixar para trás tanto o paradigma autoritário quanto o
paradigma permissivo e aperfeiçoar um paradigma
ecológico/poroso/humanitário/holístico.
Ao que parece já nos
adentramos firmemente na psicanálise de inspiração predominantemente
winnicottiana. É claro que os fatores que levam à violência são inúmeros e é
preciso a colaboração de muitas disciplinas para um maior entendimento deste fenômeno
que parece estar se intensificando tanto no nível macro (guerra, terrorismo,
tráfico, repressão violenta, etc.), no micro (assaltos, furtos, roubos, mortes,
balas perdidas, violência doméstica, violências discriminatórias, etc.) e no
nano (dinâmicas bi e plurisubjetivas). Não podemos esquecer os fatores
psicossociais como, por exemplo, as consequências psíquicas de um sentimento de
exclusão das benesses dos mais afortunados que pode levar a ações violentas, o
fanatismo religioso fundametalista, a glamorização dos traficantes e especialmente
dos chefes do tráfico que se tornam figuras fortes de identificação para uma
parcela das crianças e adolescentes das comunidades que eram chamadas de
favelas . O que também vemos são jovens das classes médias altas exercendo
violência através de roubos, ataques a populações marginalizadas (incendiar
índios, atacar mendigos, atacar homossexuais, etc.). Podemos compreender o
comportamento violento dos que se sentem inferiorizados, excluídos,
injustiçados e que necessitam de figuras fortes de identificação e de uma
cultura e ética próprias. Mas, e os jovens da classe média alta que têm acesso
ao conforto, diversão e que estão up-to-date com as tecnologias emergentes?
Aqui é onde melhor a psicanálise pode dar a sua colaboração.
O ritmo atual de vida
faz com que tanto o pai quanto a mãe fiquem, por muito tempo, ausentes do lar.
Com isto a assistência afetiva aos filhos sofre danos. Isto é especialmente
grave para os infantes, pois eles necessitam de cuidados maiores. Segundo
Winnicott para que a criatura humana crie uma base psicomentessomática sólida (integração,
personalização) necessita de um tempo de fusão com a mãe à qual ele deu o nome
de dependência absoluta, seguida de um outro período que denominou de
dependência relativa. A primeira se caracteriza pelo imediato atendimento pela
mãe ou figura substituta das necessidades físicas e psicológicas do bebê. Para
isso a mãe deverá estar em um estado de “preocupação materna primária” na qual
ela se encontra hiperatenta e hipersensível em relação ao bebê de tal maneira
que possa atendê-lo imediatamente ou até mesmo prever o desconforto do filho.
Na dependência relativa não é mais necessário que a mãe esteja em estado de
preocupação materna primária, pois é uma fase em que o bebê, ao se diferenciar
da mãe, sofrerá frustrações (desilusões). De qualquer maneira, embora em nível
diferente, a mãe deverá continuar sensível e afinada com seu rebento,
especialmente para certos comportamentos. Um dos mais relevantes é a conduta de
aproximação e afastamento da mãe. A mãe sensível e sem grandes problemas em
relação à oscilação do bebê entre dependência e independência, aceitará de bom
grado tanto o seu afastamento quanto o seu retorno à segurança do colo materno.
Para que essa dinâmica funcione bem é necessário não só que a mãe esteja
presente, mas que não seja solicitada pelo trabalho profissional do qual se
afastou, nem esteja preocupada com a
contabilidade da família. Este é um item problemático. Não só a vida atual envolve
a mãe, deixando-a preocupada e, portanto, afetivamente menos disponível para o
bebê do ponto de vista da sensibilidade porosa, mas também o hedonismo
característico de nossa cultura faz com que a mãe se separe do bebê quando ele
ainda não está preparado para isto. Sem falar das ausências que acontecem por
conta do trabalho executivo ou de outro tipo.
Na área da
criminalidade Winnicott também dá a sua contribuição. Mais que uma contribuição
é uma revolução, pois ele ao procurar, nas crianças, as origens dos atos
antissociais percebe que estes estão além da agressão: são pedidos de socorro
e, no caso de roubos, uma apropriação simbólica de uma mãe que o está
abandonando. Para entender melhor esta dinâmica vou recorrer a dois conceitos
winnicottianos relacionados entre si: privação e deprivação (anglicismo
derivado da palavra deprivation). O
atendimento insuficiente às necessidades do bebê na fase de dependência
absoluta ---- quando o ambiente ainda não se distingue do si-mesmo, só
existindo um bebê que é o próprio mundo ---- facilita o ingresso no delírio e
na psicose. Ele foi privado de um ambiente suficientemente bom, mas não sabe
disso por não possuir ainda um eu distinto do não-eu. Porém, se ele teve a
experiência de ser bem cuidado na fase de fusão, sentir-se-á lesado se na fase
de dependência relativa os pais não forem suficientemente presentes e
sensíveis. Ele se perceberá deprivado, pois
diferentemente do privado, perdeu o que já havia tido. Sentindo-se negligenciado pelos pais passa a aborrecê-los através
de birras, desafios, e também de pequenos atos delituosos como roubar,
maltratar pequenos animais, exercer ações destrutivas, etc. Estes atos são
gestos de esperança, tentativas de recuperar os pais, maneiras de chamar a
atenção, pedidos de socorro. Exp.: (p.407 – Da pediatria à psicanálise –
Tendência antissocial) Winnicott foi
procurado por uma mãe cujo filho mais velho tinha a compulsão de roubar que
“estava se transformando em algo bastante sério. Ele estava roubando muito,
tanto em lojas quanto em casa”. Winnicott sugeriu: “Por que você não lhe diz
que sabe que quando ele rouba, não são realmente aquelas coisas que ele quer, e
sim alguma outra coisa à qual ele acha que tem direito? Que é como se ele
estivesse fazendo uma reclamação a seu pai e sua mãe, por sentir a falta do seu
amor?” Winnicott continua: “Algum tempo depois recebi uma carta contando-me que
ela havia feito o que sugeri. Dizia ela: ‘Eu lhe disse que o que ele realmente
queria, quando roubava dinheiro e comida e outras coisas, era sua mãe. E devo
dizer que na verdade eu não esperava que ele compreendesse, mas ele pareceu
compreender. Eu lhe perguntei se ele achava que nós não o amávamos por ele ser
às vezes tão difícil, e ele disse imediatamente que em sua opinião nós não o
amávamos muito..... Então eu lhe disse que ele nunca, nunca deveria duvidar
disso de novo, e se em algum momento ele tivesse alguma dúvida era só me
lembrar que eu lhe diria de novo..... De modo que tenho feito muito mais
demonstrações, a fim de evitar que ele venha a duvidar outra vez. E até este
momento não houve um único roubo’. Agora oito meses depois, é possível relatar
que não houve mais roubos e que o relacionamento entre o menino e a sua família
melhorou muito”. (Ibid, p.407/8). Se a tendência antissocial não for tratada na
fase de crescimento, tenderá, com o passar dos anos, a se tornar uma
psicopatia.
Uma criança com o eu
inflado e sem limites por ação/omissão dos pais não sairá da situação de “Sua
Majestade, o Bebê”. O mundo lhe deverá obediência e reverência. Nada poderá se
interpor no seu caminho. Todos seus desejos terão de ser atendidos. Uma cabeça
dessas acaba tomando o caminho da agressividade e violência. Isso se torna
ainda mais problemático quando a mãe necessitada de simbiose não consegue
colocar limites para o filho adolescente ou adulto.
Há outras condições
psicológicas que facilitam o aparecimento da violência. A intolerância à
frustração, as fantasias persecutórias inconscientes, a excessiva
competitividade, a autoestima baixa, dificuldades na transição da dependência
absoluta à dependência relativa, etc.
HANNA
ARENDT E A BANALIDADE DO MAL
Quando foi designada
para a cobertura do julgamento de Adolf Eichman --- um criminoso de guerra
nazista, encarregado da organização e envio de prisioneiros a campos de
extermínio --- esperava encontrar um monstro e se surpreendeu ao encontrar um
homem comum como muitos outros. “O problema de Eichman era exatamente que
muitos eram como ele, e muitos não eram nem pervertidos, nem sádicos, mas eram
e ainda são terrível e assustadoramente normais” (Arendt, 1999, p.299 do livro
“Eichmann em Jerusalém). Adolf Eichmann era um eficiente e dedicado burocrata,
cumpridor fiel dos seus deveres e leal aos seus superiores hierárquicos,
obedecendo diligentemente às suas ordens. Era um bom pai de família, um filho
exemplar e um irmão dedicado. Quanto ao assassinato eficiente de milhões de
pessoas ele apenas, burocraticamente, cumpria ordens superiores como todo bom
cidadão, em sua opinião, deveria fazer. Mas não teria Eichmann consciência da
monstruosidade de sua ação? Hanna Arendt estava convencida de que sim, pois
Eichmann declarou várias vezes que estava com a consciência tranquila, já que
cumprira seu dever e sabia que sua ação era moralmente correta. Palavras de
Arendt: “Sua consciência [de Eichman] ficou efetivamente tranquila quando ele
viu o zelo e o empenho com que a ‘boa sociedade’ de todas as partes reagia ao
que ele fazia. Ele não precisava ‘cerrar
os ouvidos para a voz da consciência’, como diz o preceito, não porque ele não
tivesse nenhuma consciência, mas porque sua consciência falava com a ‘voz
respeitável’, com a voz da sociedade respeitável à sua volta” (Ibid, p.143). O
conceito banalidade do mal expressa o fato do mal ser exercido não só por psicopatas
e degenerados, mas também por homens comuns como qualquer um de nós. Todas as
formas sociais de totalitarismo impõem uma obediência cega e servil a seus
cidadãos. Difícil escapar de tal mandato pois a punição que se segue é
terrível.
Hanna Arendt fala de
alguns fatores que se encontram na gênese da banalidade do mal. Entre eles
estão: a superficialidade das pessoas, o utilitarismo nas relações humanas ----
que torna as pessoas supérfluas e descartáveis (p. 115) ----, o servilismo como
fator supostamente moral da obediência.
Pois é o servilismo e
a obediência que quero examinar, sob o ponto de vista da psicologia social e da
psicologia psicanalítica.
Na década de 1960 o
psicólogo social Stanley Milgram, pesquisador da Universidade de Yale, realizou
experimentos sobre obediência a uma figura de autoridade sancionada pelo social
logo repoicados por outros pesquisadores com o mesmo resultado. O esquema geral
destas experimentações é o seguinte: um grupo de pessoas é dividido em dois. A
um deles cabe fazer uma tarefa (Estudantes). Ao outro cabe punir as pessoas do
primeiro grupo se a tarefa não é bem realizada (Professores). Ao condutor da
experiência (Experimentador) cabe estabelecer a intensidade do castigo que é
passar uma corrente elétrica pelo corpo dos que erraram. Na verdade o castigo é
uma simulação, mas o grupo punitivo não sabe disto. Para este existe realmente
uma corrente elétrica passando pelo corpo das pessoas do outro grupo. Pois bem,
se o Experimentador ordenar que uma corrente máxima seja acionada, ela o será
por aproximadamente 60% dos Professores. A obediência é automática não sendo
levado em consideração o sofrimento que possa causar ou mesmo o perigo que
representa.
Existe, pois, em nossa
sociedade ocidental a forte tendência em obedecer a autoridade socialmente
constituída mesmo que resulte em um ato desumano. Sugiro que isto se deva a uma
educação autoritária onde a criança é ensinada a obedecer sem refletir. Na
psicanálise esta situação se replica, como vimos anteriormente, no conceito de
violência primária de Piera Aulagnier assim como vimos que a concepção de
desenvolvimento psíquico e mental de Winnicott privilegia a criatividade: os
objetos da cultura são apresentados e a criatividade os inclui no espaço
transicional onde o subjetivo improvisa um dueto com o objetivo. Não sei se é
correto dizer que essa concepção é nova e revolucionária e que vai ao âmago da
questão colonização versus independência. Acredito que por vários séculos a
criação/educação do ser humano em crescimento foi dominada pela imposição,
dificultando o pensamento livre, situação que ainda perdura. O ser humano ao
ser criado/educado tendo como insinuância principal a criatividade, podendo
então construir o mundo mediante sua própria ação está mais apto a resistir às
convenções e mandatos da cultura e de suas figuras representativas, julgando
por si próprio o que mais se coaduna com seus pensamentos e sentimentos. Já o
ser humano criado através de atos predominantemente impositivos tenderá a
aceitar a orientação da cultura e de seus representantes de uma forma submissa,
obedecendo automaticamente às ordens, por mais desumanas que sejam.
Tenho a esperança de
que usando a criatividade como guia, teremos uma integração ética do homem com
a natureza e com seu semelhante/diferente que, narcisicamente (conforme meu
artigo “Narcisismo secundário inclusivo”), passarão a fazer parte dele,
diminuindo a violência no mundo.
Outubro/2014
Nahman
Armony
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