O HOMEM TRANSICIONAL


NOTA INTRODUTÓRIA: fui alertado por minha querida Odette de que havia uma falta de clareza na ‘comunicação breve’ que intitulei de “Neurose, borderline, homem transicional – o borderline criativo : sujeito de um mundo em transformação.” Ao reler o trabalho percebi uma incoerência entre o título do artigo e o conteúdo da comunicação breve, além da falta de clareza em alguns trechos denunciada por Odette. Um título mais adequado seria “O Homem Transicional: sujeito de um mundo em transformação” que passa a ser título desse trabalho. Há outras modificações no texto que torna mais claro o meu pensamento.  

 

 

 

 

 

A PESSOA TRANSICIONAL: SUJEITO DE UM MUNDO EM TRANSFORMAÇÃO.

        Até há pouco tempo eu considerava o borderline o protótipo de homem contemporâneo. E ainda o considero. Mas o mundo está em um processo acelerado de transformações. Desconfio que uma outra subjetividade esteja surgindo. No consultório recebo neuróticos (poucos), borderlines (a maioria) e aqueles que tenho chamado de ‘pessoas transicionais’ (raros). Dando uma rápida situada direi que 1- os neuróticos cujo principal processo psíquico é a repressão/recalque, especialmente na modalidade maligna (Winnicott -"Explorações psicanalíticas" p.105), 2- os borderlines cujas principais características são a porosidade, a divisão, a onipotência mitigada, a insuficiência de recalques benignos e malignos, 3- os transicionais com as mesmas características dos borderlines com a importante diferença de uma abundante e intensa participação do recalque benigno. É-me  útil e confortável separar as questões de superego da complexidade humana. Começando pelo neurótico: nele predomina a repressão/recalque maligno. No borderline a ação repressora do superego tem pouco espaço para se manifestar e, finalmente, no transicional predomina o recalque benigno. Temos assim: 1- regras rígidas para o neurótico. 2- permissividade exagerada para os borderlines. 3- gradiente de permissividade e regras flexíveis para o transicional. Os novos modos de criação/educação protegem a criança em desenvolvimento da insensibilidade desatenta ou ingênua dos adultos e de seus ataques violentos. Com isso (e por outras razões também) temos um superego mais companheiro que assustador. O lugar até então ocupado pelos excessos quantitativos e qualitativos da repressão abrem espaço para que surjam os Seres Transicionais cujas características seriam: porosidade, divisão, onipotência mitigada, recalque benigno. A pessoa transicional não é perfeita. É apenas suficientemente boa.

                                      Nahman Armony

 

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