DIMENSÕES

No dar medido
Eu me arranho

Eu me arranho
Nas escarpas do medo
No vazio existencial
Na solidão fundamental
Em nada atenuada
Pelo mergulho vaginal
Declaradamente assombroso
Superficialmente saboroso
Discretamente nervoso.

O espasmo recalcitrante
Não atinge o limite.

O mergulho vazio 
No cio
Da natureza defendida
Resumida
Em forma de gente
Esculpida
A golpes de mente.

O magma da terra
O coração cantante
A estrela fulgurante
O ritmo cósmico
Tudo isto é falta.

Meu mergulho vaginal
Permanece horizontal
Os sucos apenas me molham
Não me consomem
Não me penetram.

Como retirar forças de um Universo morto?

Há uma pálida compreensão
Existencial
Da dimensão horizontal
Há uma entrega indigente
Contente
De se fingir gente
Diante
Da frente familiar.

Há que viver 
O que a vida oferece
Seja grande ou pequeno
Seja parte o total

Mas,

E quando o mergulho vaginal
Permanece horizontal?
O que fazer com tanta falta?
Onde fica a substância?
A densidade?
A inteireza?

Como andar no mundo
Em duas dimensões?

            Nahman Armony

do meu livro "O Anverso e o Verso"

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