RECALQUE MALIGNO E RECALQUE BENIGNO EM WINNICOTT


A idéia de recalque maligno e benigno surgiu da concepção winnicottiana de “trauma benigno”. No artigo “O conceito de trauma em relação ao desenvolvimento do indivíduo dentro da família” Winnicott escreve: “Dessa maneira existe um aspecto normal do trauma. A mãe está sempre ‘traumatizando’ dentro de um arcabouço de adaptação, e, desse modo, o bebê passa da dependência absoluta para a dependência relativa”. Para mim fica evidente que Winnicott está ampliando a noção de trauma até alcançar a desilusão suficientemente boa. Este seria um trauma benigno, idéia que ele apresenta logo a seguir: “Na sessão que estou escolhendo para relatar uma coisa nova acontecera: a paciente achou que minha interpretação principal devia estar certa, e, contudo ela não havia previsto. A interpretação fora portanto ‘traumática’ no sentido de ultrapassar as defesas. Este trauma benigno refletia o novo sentimento da paciente a respeito do trauma maligno”(p.105).

Com esses dois elementos teóricos, 1- desilusão como trauma e 2- concepções de trauma benigno e maligno,  posso propor as expressões “recalque benigno” correspondente à colocação carinhosa de limites que provocam desilusão no bebê e “recalque maligno” como conseqüência de uma ação repressora violenta e insensível de uma figura tirânica. Apresso-me em dizer que as expressões “recalque maligno” e “recalque benigno” são equivalentes a “recalque excessivamente traumático” e “recalque traumático adequado”. Considero estas ideias importantes pois cada tipo de recalque pertence a uma constelação subjetiva diferente. 

                                                                    Nahman Armony

Nenhum comentário:

Postar um comentário