INTERNALIZAÇÃO, INTERNALIZAÇÃO MACIÇA E ASSIMILAÇÃO


Podemos distinguir dois tipos de internalização: um primeiro que chamarei de assimilação e que depende de uma relação íntima e continuada com outra pessoa, grupo e/ou cultura. A assimilação se faz lenta silenciosa e sub-repticiamente e, por isso mesmo, não chama a atenção no convívio diário. A aquisição assimilatória não é um enxerto; processos de seleção, identificação e mutualidade agem, desde o inicio, evitando o estranhamento e a rejeição indiscriminada, fazendo da assimilação um estado durável e integrado ao corpo/mente/psiquismo. Em contraste, no segundo tipo há uma invasão maciça do corpo/psique/mente que tem a ver com idealização do Outro. Este segundo tipo é fácil de exemplificar. Uma criança, um púbere ou um adolescente vai a uma sessão de cinema cabisbaixo e assiste a um filme em que há um herói com o qual se identifica. Ele sai do cinema sentindo-se forte, poderoso, desaparecendo o abatimento. Na psicanálise existe a possibilidade de um analista muito ligado à teoria, insistir em uma interpretação que é dada de várias maneiras, forçando --- pela repetição feita dentro de uma estrutura que desqualifica o pensamento do analisando ---, a entrada da ideologia do analista para dentro do analisando. Diferentemente do super-homem do filme que rapidamente tem a fantasia contestada pela realidade, o analisando, defronta-se com a obstinação manipulatória de um analista apegado à teoria e pode submeter-se a ele. A percepção desses acontecimentos não apresenta problemas. Na assimilação é bem mais difícil perceber as modificações, pois elas acontecem lentamente, na escuridão do inconsciente. São transformações ‘verdadeiro self’ diferentemente da internalizações maciças que são ‘falso self’.        
                               Nahman Armony

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