Contemplo o objeto estático
Nada mais que mero traço
Linha reta solta no espaço
Olho, tento decifrar sua senha
Mordo, trinco, experimento sua lenha
De onde vêm suas artes mágicas?
Pergunto, interrogo a matéria fria
Como preenche uma alma vazia?
Sua resposta é empunhar-se trágica
Sua resposta é subir ao pódio
Permanecer corda tensa imóvel no ar
Na hora precedente à explosão solar
Beija-flor parado no tempo
Vibra um instante e logo volteia
Desaba e arrasta consigo a veia
Então o mundo se move.
A vara de condão fabricando surpresas
Amor, tonturas, vitórias, tristezas
Espada feroz o íntimo invade
Destrói casamatas despedaça gessos
Mexe, comove nos vira ao avesso
Corisco alumbrado atravessa o corpo
Eletrifica poros desmancha amarras
Suspende a alma na ponta da vara
Finalmente cansada num último espasmo
Mantêm-se imóvel vibrante no ar
E cai exausta exaurida de dar.
Nahman Armony
Nenhum comentário:
Postar um comentário