ISAAC STERN

Dedos gordos. Desproporção corpo-espírito. Um violino perdido num exagero de carne. Como compreender? Matéria, alma, gordura. Prisão ultrapassada. Na liberdade o sofrimento, a bondade. Olhar triste, benevolente. Rachaduras faciais deixam surgir o sumo, o líquido cálido e aquecente. A comunicação invisível. O olhar posto em algum lugar dentro. De dentro e de música retira-se a substância: densa, forte, quente. Música, som, olhos, rosto, pequenos gestos, fugazes expressões, o soar, o sonar do violino, Isaac Stern, mais humano que divino. Momento de criação. Isaac Stern é Bruch, é música, é mar, é universo, é Nahman, sentimento do humano infinito, oceano de tonalidades, contínuo fluir de emoções: a ternura, a volúpia, a força, a terrível força que convulsiona, revelação da insuspeitada energia do ser integrado com a natureza das coisas, o Outro Lado, quem é afinal Isaac Stern, Max Bruch, Nahman Armony, o homem, o Homem? Ah beleza inefável, prece permanenente, paisagens de luz e sombras infinitamente coloridas, o levantar da cortina até onde os olhos se atrevem a sentir o Abismo desvendado por um ser-homem, Deus-homem redivivo, descido ao palco, encarnado em Isaac Stern, Isaac Stern, meu amigo, meu único amigo, partilha comigo tua dor transfigurada em Beleza e Paixão pela Vida, Isaac Stern, irmão que habita meu interno ser, meu perene e fugaz irmão, eu te amo. 

                                                                    Nahman Armony

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